Quando a noite desce ao pampa
com clarão da lua cheia,
surgindo atrás das coxilhas
meu peito se incendeia.
Sentado à porta do rancho,
o coração corcoveia.
É potro que não se doma,
incha o lombo e se boleia.
Ao ver a lua subindo,
o pampa todo clareando,
escuto lá nas canhadas
o som de clarins tocando.
E gritos de desespero
de inimigos tombando
sob a força do gaúcho
que já nasceu peleando.
Tomando meu chimarrão
sinto gosto de vitória.
Ouço o tropel de cavalos
de tauras buscando a glória.
E a lua no firmamento
vai escrevendo a história,
dos nossos antecessores
na luta demarcatória.
E a noite vai passando,
vem chegando a madrugada.
O intenso clarão da aurora
ofusca a lua prateada.
Vai surgindo um novo dia
A terra fica dourada.
O pampa todo desperta
Para mais uma jornada.
O despertar representa
a força da nossa gente.
O gaúcho sempre exprime
tudo aquilo que sente.
Tem a sua própria história,
fala a verdade e não mente.
E será sempre o exemplo
desta Nação-Continente.
1986, CZR